terça-feira, 28 de março de 2017

Eragon

O primeiro de muitos...


Eragon, o primeiro volume da saga "Herança", de Christopher Paolini, e a primeira "vítima" da rubrica Recuperar o Passado! conta-nos a história de um rapaz aparentemente normal e com uma vida pacata que estava destinado a ser algo mais.

A rubrica Recuperar o Passado! consiste repetição da leitura de livros que me marcaram. Podem ler mais sobre ela aqui. Assim, devem perceber que Eragon foi um livro importante para mim.

Christopher Paolini, autor da obra, aventurou-se no mundo da escrita desde muito cedo, escrevendo a primeira versão de Eragon aos quinze anos. Admiro-o por isso, é necessário muita inspiração para atingir tal feito em tão tenra idade.

A história começa com um jovem, abandonado pela sua mãe em casa do seu tio, a caçar na Espinha, uma cordilheira onde ninguém se atrevia a entrar, quanto mais caçar. Eragon, ao contrário de todos os outros, era bravo o suficiente para o fazer, revelando a sua coragem logo desde o início. Nessa caçada o jovem encontra uma pedra singular. Este evento muda radicalmente a sua vida, de uma maneira que ele não poderia compreender quando decidiu levá-la para casa.

Sem sucesso na caça, tentou vender a pedra, no entanto, todos se recusavam a comprá-la quando descobriam a sua origem. Mal sabia Eragon que a pedra era, na realidade, um ovo de dragão. Quando este chocou, deixou-lhe uma marca prateada na mão, Gedwëy Ignasia, a marca dos cavaleiros. Este jovem, aparentemente insignificante, tornou-se, assim, o único cavaleiro de dragão vivo além do rei tirano Galbatorix.

Chegando rumores de um novo cavaleiro aos ouvidos do rei, este manda os Raz'ac investigar o vale remoto onde Eragon passou a maior parte da sua vida. Nessa busca por respostas, os enviados do rei matam o tio de Eragon e destroem a sua casa, obrigando-o a partir com Saphira, o seu dragão, e Brom, o contador de histórias da aldeia.

Brom, revelando não ser apenas um mero contador de histórias protege e ensina Eragon a tornar-se um verdadeiro cavaleiro de dragão e prepara-o para uma demanda por Alagaësia, na qual este teria de tomar decisões que não afetariam só a sua vida, mas todo o Império.

O jovem vê-se, assim, prisioneiro de uma responsabilidade que não escolheu, tendo apenas três opções: alinhar-se com o rei tirano, morrer ou lutar. Seria Eragon tão nobre quanto pensava? Teria força para resistir?

Este livro é, na minha opinião, uma obra prima. O autor consegue captar a minha atenção de uma maneira avassaladora, de forma a desejar ler só mais um pouco. As palavras são cativantes ao ponto de me compelirem a parar o que estou a fazer para poder avançar mais umas páginas.

Com descrições longas mas leves, conseguimos ter uma imagem perfeita de cada local onde as personagens se encontram. Após ler um trecho descritivo consigo lembrar-me dos pormenores como se tivesse estado nesse mesmo local. Isso, sem dúvida, torna a leitura deste livro emocionante e aliciante.

Batalhas, inimigos, alianças improváveis e traições são apenas alguns dos obstáculos que Eragon tem de enfrentar. Estes deixam-nos sempre amarrados ao enredo, desejando, por um lado, avançar na história para perceber o final, mas por outro, parar ali para vivermos as emoções das personagens na nossa mente por mais algum tempo.

A personagem que mais me marcou foi sem dúvida Eragon, o protagonista, mas não me posso esquecer de Brom, o contador de histórias, que revela ser muito mais que isso. Este, ocultando sempre a sua identidade é a face da consciência e sabedoria ao longo do livro.

Outro pormenor, não menos importante, é o valor dado aos dragões e os traços humanos que lhes são atribuidos de forma a que possamos, não só identificar-nos com o cavaleiro, mas também com o dragão, que revela, muitas vezes, ser mais prudente e astuto que os humanos.

Nunca pensei que reler uma obra me deixasse tão emocionada como da primeira vez que a li. Por vezes havia pormenores dos quais me tinha esquecido ou até baralhado e, ao repetir a leitura, deixei-me, uma vez mais, ser cativada pelo enredo fantástico que encontramos, removendo qualquer réstia de dúvida da minha mente.

Assim, este livro deixou-me com aquela amargura mental, na qual desejo continuar a ler embora já tenha terminado o livro. Dessa forma, estou desejosa para reler Eldest, o segundo volume da saga Herança e aventurar-me nas decisões do cavaleiro.