
Um regresso à infância...
Alice no País das maravilhas é, sem dúvida, uma narrativa que todos conhecemos e amamos, desde a queda de Alice na toca do coelho até à vilã tirana, a Rainha de Copas.
A personagem que mais me intrigou foi a Rainha de Copas, uma mulher (ou carta, não sei bem o que lhe chamar, talvez os dois...)amarga, mesquinha, cruel e impaciente, que manda executar todos os que a incomodam. Nesse sentido, esperava algo diferente vindo dela, pensava que me iria deparar com uma dimensão mais pessoal. Isso não aconteceu. Não fiquei a conhecer as razões que a tornavam tão maquiavélica. Era apenas má e nada mais...
Alice, com as suas questões, é um pouco louca. Mas quem não é? O chapeleiro é louco; a lebre é louca, a rainha é "desvairada". Somos todos loucos à nossa maneira: uns mais que outros, mas é isso que nos torna felizes!
Lewis Carroll, autor da obra, foi capaz de compilar esta fantasia durante um passeio de barco no rio Tamisa, tentando entreter as irmãs Liddell, suas amigas. Alice, a irmã do meio, que tinha 10 anos, adorou as aventuras da sua homónima ao ponto de pedir ao autor que as escrevesse. Deu-se, aí, o nascimento de uma das histórias mais famosas de sempre!
Tudo começa quando Alice, sentada na margem de um lago, observava a sua irmã a ler, pensando o que faria daquele livro algo interessante. Afinal, era apenas um livro! "E nem tinha diálogos!", pensou ela. Um coelho falante capta a sua atenção. Não por ser falante, nem por usar um colete, mas por ter um relógio.
Alice segue-o até à sua toca, escorregando e caindo lá para dentro. A queda parecia nunca mais acabar, onde iria dar? Quando finalmente caiu, não se magoou, ficou apenas intrigada com uma chave e várias portas trancadas. Qual delas abriria a chave? Sem sorte, a chave abria a porta mais pequena, uma em que Alice não cabia...
A partir desse momento acompanhamos a inesquecível história dos bolos e das bebidas. "A garrafa não diz veneno. Se não diz veneno não me fará mal!", pensou Alice antes de beber. Encolheu, mas deixou a chave na mesa. E agora? Não chegava lá! Apareceu um bolo com "COME-ME" escrito com passas, comeu-o e aumentou de tamanho.
Todos nós conhecemos o resto, o encontro com a rainha e com o chapeleiro, o chá das seis, os jardineiros que pintavam as rosas de vermelho para não serem decapitados... Em fim, uma série de impossibilidades possíveis no País das Maravilhas!
Lewis Carroll dá vida a um conto fantástico que ficará para sempre gravado nos nossos corações. Que nos levará a tempos felizes da infância que parece já ter terminado...
Este livro é de leitura rápida e fácil. Com uma linguagem simples, a obra leva-nos a pensar como gostaríamos de estar no País das Maravilhas com Alice.
Por vezes confuso, devido aos "devaneios" mentais de Alice, que se encontram intercalados no texto principal, Alice no País das Maravilhas é uma obra intemporal, que, sem sombra de dúvida, veio para ficar!
O que mais me conquistou, apesar de ser, por vezes, um ponto negativo, foram os tais "devaneios" da protagonista, as interrogações constantes acerca do modo como as coisas são e funcionam. Alice nunca parecia satisfeita, tinha sempre mais questões. Penso que é isso que torna o enredo tão interessante, o retorno à curiosidade infantil que muitos perdemos...
Resta uma questão: Estaria Alice a sonhar? Viajou mesmo até ao País das Maravilhas? Ou será tudo fruto da sua imaginação fértil?