Quatro estações, uma ilha...
Antes de mais, quero agradecer à Clube do Autor por me ter cedido um exemplar de A Ilha das Quatro Estações!
Este livro é da autoria de Marta Coelho, licenciada em Ciências da comunicação. Foi também argumentista da série juvenil Morangos com Açúcar.
Este livro é da autoria de Marta Coelho, licenciada em Ciências da comunicação. Foi também argumentista da série juvenil Morangos com Açúcar.
A Ilha das Quatro Estações retrata a história de quatro adolescentes, cada um com os seus demónios, e a sua estadia na tal ilha, a Ilha das Quatro Estações. O nome deve-se ao facto de a ilha estar dividida em quatro secções, cada uma com o clima e decoração da respetiva estação do ano.
Para lá vão adolescentes atormentados e, por vezes, considerados problemáticos. São-nos apresentados Catarina - Cat - Santiago - Tiago ou Santi - Misha e Rute. Deste grupo, apenas Santi se inscreveu por vontade própria no programa da Ilha. Lá, teriam de trabalhar durante um mês em cada estação.
Cat sofre com a perda da sua melhor amiga, Clara, cuja morte pensa ter sido sua culpa. Santi é atormentado pela falta de memória de um acidente de mota em que esteve envolvido, sabendo que alguém se magoou seriamente. Misha luta contra uma depressão profunda. Rute faz tudo para fugir ao namorado abusivo e aos pais que não a apoiam.
Santi e Cat apaixonam-se loucamente um pelo outro, ajudando-se mutuamente a superar o que os levou à ilha. Tomam como sua missão alegrar Misha e fazê-lo falar de novo. Quando conseguem, estes três tornam-se inseparáveis. Só mais tarde é que Rute se junta ao grupo, notando-se alguma mudança nas outras personagens, já que esta as inspirou a serem mais fortes.
Mas nem tudo é bom na ilha, alguém anda a deixar mensagens ameaçadoras a Cat e Santi. Primeiramente estes não lhes dão muita importância, mas, quando recebem fotos suas num envelope, as coisas tornam-se mais sérias...
Em primeiro lugar, é de salientar que este é um ótimo livro para férias ou simplesmente para relaxar. É uma obra leve e de rápida leitura. No entanto, penso que lhe falta alguma complexidade.
Senti, ao ler, que se tratava de um guião e não propriamente de uma narrativa. O diálogo é abundante, ocupando cerca de 90% da obra, conferindo-lhe a tal simplicidade que já referi.
Não há uma caracterização de espaços, personagens ou atitudes com a profundidade certa. Por exemplo, ocorrem diversas situações em que nos é dito "Ela sorri" e é assim que podemos ter acesso ao estado de espirito das personagens, de uma forma muito crua e simplista, sem grande complexidade. A isso acrescenta-se o facto de as histórias das personagens serem contadas na primeira pessoa, sem grandes pormenores. Considerei, genuinamente que faltava complexidade ao livro.
Por outro lado, a ação decorre demasiado depressa: mal começou o livro e já Cat e Santi estão apaixonados, por exemplo. Há, ainda, diversos pormenores pouco realistas, como certos riscos e atitudes que as personagens tomam e até mesmo a natureza da ilha.
Há alguns indícios que anunciam um grande mistério, algo que poderia revolucionar a estadia dos adolescentes na ilha, mas que, na realidade e na minha opinião, não aconteceu. O final deixou-me deveras desiludida. Apesar de toda a história ter um fio condutor defeituoso, digamos, o final foi um corte total com tudo o que poderíamos pensar e não se tratou de uma daquelas revelações que mudam o curso da ação, é apenas muito apressado.
Dito isto, penso que esta seria uma ótima obra para uma adaptação televisiva. Posso ter a mente toldada pelo facto de a autora ter sido argumentista, mas realmente considero que a obra se assemelha a um guião televisivo...