quinta-feira, 11 de maio de 2017

Corações na Escuridão

Um elevador e muitas histórias...


Como prometido, aqui está a minha opinião de Corações na Escuridão, de Laura Kaye! Não, este livro não é novo, mas, recentemente, foi lançada a sua continuação, Amor às Claras, pela Editora O Castor de Papel/4 Estações.

Esta editora teve a gentileza de me oferecer, para crítica aqui no blogue um exemplar de cada um dos volumes. Assim, posso dar a minha opinião integral e honesta acerca de ambos.

Laura Kaye já escreveu inúmeros romances de ficção contemporânea, sendo uma presença regular nos bestsellers do New York Times e do USA Today. Tenho de confessar que não conhecia a autora, mas não me arrependi de o fazer!

Em Corações na escuridão encontramos Makenna James, uma jovem que trabalha como contabilista forense e, naquele dia, nada lhe tinha corrido bem. Normalmente acha o seu trabalho interessante, mas com tantos contratempos, desde ficar sem bateria no computador até deixar cair o telemóvel em frente ao elevador que um bom samaritano segurava com a mão tatuada para que ela pudesse entrar, só desejava chegar a casa e beber um bom copo de vinho.

Nesse dia nada parecia poder piorar, mas o improvável aconteceu. A eletricidade falhou e o elevador em que se encontrava com esse homem da mão tatuada parou e imergiu numa imensa escuridão. 

Caden Grayson, o bom samaritano, era claustrofóbico, sofria com o escuro daquele pequeno espaço a que estava confinado com uma ruiva que não conhecia. Já tinha superado o medo de espaços fechados, daí se encontrar num elevador, mas nunca poderia ultrapassar o medo da escuridão e do desconhecido. Apesar da sua aparência robusta, com tatuagens e piercings, naquele momento sentia-se vulnerável.

Só lhe restava uma opção: conversar com a ruiva, que mais tarde viria a descobrir que se chamava Makenna, e esperar que o desespero não o atingisse naquele elevador.

Encontraram, um no outro, um conforto inesperado. Naquele lugar escuro, apenas se podiam apoiar um no outro. No entanto, nunca se tinham visto, a entrada de Makenna no elevador foi tão abrupta devido à queda do telemóvel, que não olhou o bom samaritano nos olhos. Será que esse conforto e confiança conseguiriam sobreviver ao acender das luzes? Seria Makenna capaz de assimilar os piercings na cara e as tatuagens de Caden? 

Devo dizer que esta leitura me surpreendeu pela fluidez das palavras. O livro lê-se extremamente rápido, uma vez que ficamos completamente cativados. É impossível não querer saber o que acontece naquele elevador.

Achei que a personagem de Makenna podia estar um pouco melhor trabalhada, sabemos algumas coisas acerca da sua infância e da sua família, mas senti que faltava algo. 

Caden, por seu lado, é quase transparente para o leitor, conseguimos ver a sua personalidade, as suas feridas, as suas batalhas e as suas vitórias. É um homem enigmático e cativante, apesar de magoado, tentando sempre escudar-se nas tatuagens e nos piercings como forma de canalizar a sua dor emocional para o seu corpo, de a transformar em dor física.

Naquele elevador, a empatia por um estranho é notável. Makenna dá metade da comida que transportava na sua mala a Caden, bem como a sua única garrafa de água. Adorei que Lauren Kaye tenha imaginado personagens de boa índole, capazes de partilhar os seus bens com estranhos, mesmo sem saber quanto tempo ficariam confinados naquele elevador. 

Depois dessa partilha de alimentos, a simpatia reinou naquele elevador, foram-se conhecendo melhor e, dessa partilha de histórias e sentimentos nasceu algo que nenhum deles esperava, um afeto mútuo.

Algo que me surpreendeu imenso neste livro foi o facto de a ação se desenrolar em apenas algumas horas, não chegando a um dia completo. O elevador fecha-se ao final do dia e só são "resgatados" já a noite ia avançada. Não sei se gostei dessa abordagem por uma simples razão, gostaria de ter visto mais das personagens, mais partilha... Mas com o segundo volume aí à porta, estou desejosa de continuar a ler a história de Makenna e Caden.