Uma tragédia que nunca esqueceremos...
Romeu e Julieta é, incontestavelmente, uma daquelas histórias que todos conhecem. Mesmo sem ter lido o texto original de William Shakespeare, provavelmente já ouviram falar desta tragédia, já leram resumos ou, até, já viram adaptações ao grande ecrã, algumas mais atuais e outras fieis ao enredo original.
Ora muito bem, hoje não vos venho falar dessa versão original que, muito provavelmente nunca me atreverei a ler. Digamos que o texto dramático não me chama muito a atenção. Assim sendo, nada melhor do que uma adaptação em prosa desta obra intemporal.
Devo agradecer, em primeiro lugar, à editora Guerra e Paz, por me ter cedido, tão gentilmente, este livro, o segundo da coleção recente "Os Livros estão Loucos" - histórias "contadas tipo aos jovens". Caso queiram conhecer mais desta coleção, já li e publiquei, aqui no blogue, a minha opinião de Robinson Crusoé, de Daniel Dafoe.
Romeu Montéquio, um jovem pertencente a uma das famílias mais influentes de Verona, encontra-se (supostamente) apaixonado por uma rapariga. Assim, os seus amigos, para o tentarem livrar da nostalgia em que Romeu se encontrava, levam-no a uma festa de máscaras em casa da família Capuleto.
Ora, a rivalidade entre estas duas famílias durava à séculos e parecia não ter fim próximo. Relutante, Romeu aceita o convite dos seus companheiros, uma vez que, usando máscara, não seria reconhecido.
Paralelamente, acompanhamos a história de Julieta Capuleto, uma jovem de catorze anos com um pretendente a noivo. Páris, um bom fidalgo próximo do Príncipe de Verona, quer a sua mão em casamento. Por essa razão ia decorrer a tal festa de máscaras que vos falei. O pai de Julieta pensava que, se Páris a cortejasse, a sua filha casaria com ele de livre vontade.
Foi nessa noite que Romeu e Julieta se encontram. Primeiramente sem saber quem eram e a que famílias pertenciam, gostam um do outro, apaixonando-se em plena festa. Romeu foi reconhecido por Tebaldo, primo de Julieta, mas este não causa um escândalo a pedido do anfitrião, uma vez que o pobre Montéquio nada de mal fez.
Este amor improvável é mais forte do que inicialmente pensavam. Pretendem casar-se e, para isso, recorrem ao Frei Lourenço, amigo de Romeu para oficializar o casamento. Resta um problema: as suas famílias odeiam-se.
Como poderiam ser felizes um com o outro se a sua relação era repudiada pelos seus parentes mais próximos?
Mais uma vez, esta história não vem sozinha, acompanhamos também, duas amigas que nos fazem companhia ao lê-la: a Vera e a Beatriz. Vera, a mais nova, está sempre a fazer perguntas e a realçar o caráter ridículo de algumas passagens do drama de Julieta e Romeu. Por exemplo, porque quereriam os pais de uma rapariga de catorze anos que ela casasse? Beatriz, Bé, explica-lhe que eram outros tempos e que muitas raparigas com essa idade já estavam casadas e eram mães.
Enfim, o diálogo destas duas amigas está ao serviço das diferenças entre o tempo da narração e o presente, conferindo um caráter cómico à obra e demonstrando o quanto as mentalidades mudaram. Adorei o facto de, por vezes, quando aparecia uma palavra mais "Elaborada", Vera recorresse ao dicionário do seu "tablet" para descobrir o significado, partilhando-o com o leitor.
Acho que a melhor vertente deste livro e de toda esta coleção é o facto de permitir ao leitor ter acesso a clássicos da literatura, que são, em regra, de leitura complexa, simplificados. Ou seja, é uma leitura leve e agradável de uma história que não perde o encanto.

Cheia de simbolismo, a história, não só deste casal, mas de todos os que o rodeiam, promete ensinar muitas lições de vida com o seu desfecho. Todos, sem exceção, virão a arrepender-se de muitas das suas ações. Leva-nos a pensar que talvez devêssemos pensar melhor nas nossas atitudes, de forma a que, no futuro, não tenhamos arrependimentos.
Sem dúvida, o que mais me encanta neste livro é o seu aspeto. As letras "loucas", as frases tortas e as imagens coloridas conferem à obra uma dimensão quase mágica, capaz de maravilhar quem se aventure a passar a página e ler só mais um bocadinho.