quinta-feira, 13 de abril de 2017

A Metamorfose

Não era um bicho de sete cabeças...


Franz Kafka, escritor judeu de língua alemã, foi considerado como um dos autores mais influentes do século XX. Escreveu maioritariamente romances e contos, tendo a maior parte das suas obras sido publicadas após o seu falecimento. 

Muitos dos seus livros são sátiras à natureza humana e denunciam as relações entre pais e filhos. Este último tema tem a ver com a própria relação turbulenta que tinha com o seu pai. Era fã da escrita de cartas, comunicando com as sua família, noiva e amigos dessa forma.

Entre as obras mais conhecidas deste autor encontra-se A Metamorfose, escrita em 1912, O Processo, apesar de nunca acabado, O Castelo, escritas respetivamente em 1920 e 1922. 

A Metamorfose acompanha as vivências de Gregor Samsa, um caixeiro viajante, que abandonou os seus sonhos para trabalhar e poder pagar as dívidas da sua família. Um dia, este homem acorda transformado num inseto gigante, com antenas e inúmeras patas.

Gregor encara a metamorfose de forma muito passiva, como se de algo normal se tratasse. O seu grande dilema no momento em que se apercebeu da sua condição era decidir se se levantava ou se dormiria mais algum tempo, apesar de já estar atrasado para o trabalho e o gerente se ter deslocado à sua casa para averiguar o seu paradeiro.

Ao longo do livro vamos conviver com a família Samsa e a forma como encaram a transformação de Gregor. A sua irmã, primeiramente, consegue lidar com a situação e alimenta Gregor, mantendo-o escondido. Mas seriam capazes de manter a normalidade quando a única fonte de rendimentos da família se tinha transformado num inseto gigante?

Esta história surpreendeu-me pela maneira como Gregor lida com a sua transformação. Não digo que a encare como algo normal, mas não há grande interrogação acerca da razão pela qual se transformou. Apenas vê o seu novo corpo e pensa como conseguirá sair da cama e ir trabalhar. 

Achei a leitura um pouco cansativa porque, apesar de não ser um livro muito grande, tem parágrafos muito longos e apenas três capítulos. Tem pouco diálogo, que aparece quase todo concentrado no primeiro terço da obra.

Surpreendeu-me a forma como a irmã de Gregor, Grete, lida com o ocorrido, dando-lhe comida sem o encarar de frente e impedindo a mãe de o ver. 

No entanto, a metamorfose não foi bem acolhida por todos, demonstrando que o amor familiar não supera todos os obstáculos. O pai de Gregor tentou, inclusive, matá-lo, afirmando que aquele monstro não era o seu filho.

Apesar de a leitura ser um pouco "chata", como já referi, a linguagem é simples e acessível. Trata-se de uma obra que se lê rápido. No entanto, só me senti agarrada mais ou menos a meio do livro. A primeira parte, deixa, na minha opinião muito a desejar. Mas tendo em conta que o final é totalmente inesperado, não me arrependo de ter o ter lido.

Espero ter a oportunidade de ler mais obras deste autor, uma vez que, apesar do que já referi, o desenlace da história foi cativante e me deixou com um certo divertimento após ter terminado o livro.